sexta-feira, 19 de abril de 2013

o último suspiro


Este coração vai morrer. Demorou a ganhar coragem para finalmente o matar, mas aqui estou eu de machado na mão pronta a dar-lhe o golpe final. Já nada disto faz sentido na minha vida e a escrita nestes modos não é coisa para corações como o meu. O meu coração cose-se a cada letra com a linha mais forte que encontra e não há tesoura alguma que a consiga cortar, a não ser o tempo. Este tempo que eu estive daqui afastada, o tempo de luto pelo fim do sonho em que as palavras eram as minhas melhores amigas. Esse tempo acabou. Agora as palavras são só palavras. Não deixei de escrever, nem nunca vou deixar. Apenas deixei de mostrar ao mundo aquilo que me sai da alma porque isso deixou de ser belo. O dom da escrita foi-se embora. Talvez tenha sido o melhor. Talvez o melhor seja mesmo que eu deixe este paraíso onde a intensidade da vida ganha a tonalidade do nosso coração. Talvez o melhor seja mesmo eu deixar este paraíso para quem o merece. Para quem ainda carrega nas veias o dom de escrever e de partilhar com o mundo os escritos que fazem sentido noutros corações, noutras vidas.
Descansem, já não estou mais triste como outrora estivera pelo fim deste sonho cozinhado com cuidado. Já me mentalizei que tudo na nossa vida são paragens e que chega sempre o derradeiro dia da partida. Vou ter saudades, óbvio que vou. Mas vão ser aquelas saudades que vem só para adocicar o sorriso no rosto e fazer-me pensar que a blogosfera fez-me feliz, fez-me crescer e isso é o que fica aqui guardado nas gavetas da memória infiltradas no órgão do amor.
Um Obrigada não chegaria por cada pessoa que aqui passou e que deixou a sua marca não só nos meus blogs, mas na minha vida. Por isso aquilo que deixo para vocês é um grande desejo de que sejam felizes. Já não desejo inspiração a ninguém porque aprendi, com a vida, que isso não se deseja. Ela vem quando quer e vai da mesma maneira, não é caso para dramas... quem escreve tem uma garantia única no mundo, a garantia de que a partir do momento em que a caneta começou a roçar o papel até ao ponto final os sentimentos estão a ser eternizados. E esta é a beleza da escrita. Não é mais nada. São só os sentimentos transformados em desenho em forma de letras. Saem do coração para o papel e do papel para o coração e a vida torna-se mais... mais qualquer coisa. Lá está, depende da tonalidade do nosso coração. Vou-vos contar o último segredo: o meu coração neste momento tem uma tonalidade única, é a tonalidade dos ares de Coimbra. E mais não digo. Mas estou feliz, aliás, eu sou feliz. Só tenho motivos para tal. E chegou a hora do adeus, quero que saibam que gosto muito de vocês e que vos admiro por manterem este paraíso um bom refúgio.
Machado pronto, golpe dado e este Coração sem açúcar acabou de morrer. Não derramou sangue, as veias da inspiração estavam secas. Isto prova que a sentença foi a certa. Adeus.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

hora de voltar a matar


É de noite e eu estou a pensar em ti. Acordei e estou a pensar em ti. É de tarde e estou a pensar em ti. Já está a anoitecer e estou a pensar em ti. E são assim os fins-de-semana passados em Coimbra em que o tédio e a saudade tomam conta de mim e governam a disposição do coração agora pequenino. Não me perguntes porquê, porque é que este amor renasceu assim só porque sim. Não me perguntes porque voltei a pensar em ti e só querer ter-te ao meu lado, ouvir-te dizer que me amas e beijar-te até sempre. Não me perguntes porquê, que eu não sei nem quero saber... só queria que isto passasse. Porque sei que tu já não queres nada e eu continuo a querer tudo. Quero-te comigo e tu não estás. Quero o teu sorriso, os teus abraços, quero alguém para ligar e dizer que estou farta de estar fechada em casa sozinha, quero-te a ti. Quero que venhas buscar-me e vás passear comigo, quero-te a ti. A nós. Ao nosso amor, aquele que existia outrora, tu lembras-te? Lembras-te de como transpirávamos felicidade, de como éramos motivo de inveja de tantos que nos viam? Lembras-te das nossas brincadeiras, da nossa cumplicidade que era precisamente isso, nossa! A forma como nos amávamos e como não conseguíamos esconder isso de ninguém... os mimos, as surpresas, os beijos, as coisas que só nós sabíamos, tudo. Lembras-te? E da felicidade, lembras-te? De dizermos um ao outro o quanto éramos felizes por estarmos juntos? Ainda não entendo porque tudo isso mudou. Nem porque tu continuas a ser o homem da minha vida e eu sou nada para ti. Nem porque este amor voltou a nascer quando eu achava que estava já a morrer, de vez. Nem o porquê de te escrever desta maneira, nem o porquê de nada. Não entendo o meu coração, nem o destino, eles nunca se entendem. E eu precisava disso, precisava da serenidade de um coração contente com o destino e de um destino que seguisse os passos do coração. Só isso, nada mais. Só isso e o nosso amor, eu e tu, outra vez, e desta, para sempre. Mas sei, sei que nada disto vai acontecer e que eu tenho é que recomeçar o processo de assassinato de um amor vádio e persistente. Deixa lá, eu não desisto de mim.... e um dia aprendo a desistir de ti, prometo. E ah! Amanhã isto passa, vou ter mais no que pensar.

sábado, 29 de setembro de 2012

I love you


É incrível a quantidade de vezes que autocarros e comboios já me ouviram chorar, viram-me as lágrimas a escapulir do coração para me acariciar a face numa tentativa falhada de diminuir a noção de distância entre Braga e Coimbra. Mais incrível ainda, é que de todas essas vezes em nenhuma a causa tinhas sido tu, até hoje. Até ao momento em que ouvi o teu adeus e só pensava em ti sozinha, sem mim. Eu lá e tu aí, separadas por duzentos quilómetros, é esta a nossa realidade nos próximos anos. Eu sei que estou bem lá, sei que Coimbra me recebe sempre, sempre de braços abertos prontos a fechar-se num abraço de consolo, mas não sei como ficas. Não sei se choras mal eu viro costas ou se aguentas firme como é teu costume. Não sei se és feliz, ou se preferias que nada disto fosse verdade. Não sei... Mas quero que tu saibas uma coisa. Quero que tenhas a plena certeza de que és o meu maior orgulho e que eu vou dar o meu melhor para ser o teu, para seguir o teu exemplo e ser uma Mulher, com M grande, como tu o és. Quero que saibas que não há ninguém no mundo que ocupe o teu lugar, nem ninguém que eu consiga amar tanto como te amo a ti... porque tu és única e és minha, mami.
24 de Setembro de 2012

domingo, 23 de setembro de 2012

a esperança morre primeiro que o amor


Foi estranho. Foi estranho ver-te ter iniciativa para estar comigo, foi estranho olhar para ti e reconhecer o movimento que fazes com a cabeça sempre que me vês. Foi estranho teres me abraçado, ouvir a tua voz, sentir-te outra vez perto de mim, sentir o teu toque, conversar contigo como se nada tivesse acontecido, ver o teu sorriso, adivinhar as tuas respostas. Foi estranho teres-me agarrado e torturado como antes fazias, foi estranha a nossa despedida, o beijo que me deste e que eu te dei, e o beijo que voltaste a dar-me, não sei bem porquê. Foi estranho entrar em casa com um sorriso nos lábios, chegar a casa deitar-me em cima da cama a lembrar-me de tudo o que já fomos e do que achava que tinha acabado de vez. Lembrar-me do meu melhor amigo e sentir que ele tinha estado comigo há minutos atrás à porta da minha casa em Coimbra. É estranho sentir que o amor ainda não morreu, mas que a esperança sim. E por isso eu hoje digo que não, a esperança não é a última a morrer, ela morre antes mesmo do amor. Só depois disso é que o amor consegue, consegue deixar a vida de lado e fugir, para onde não sei. Foi isso que senti naquela noite, antes de dormir, quando pensava em ti. Senti que sim, eu ainda te amo, mas amo-te menos que ontem, e mais do que amanhã. Porque o amor funciona assim, só se vai quando a esperança já não existe. E em nós já não deposito qualquer gota de esperança, em nós como namorados, como um só, nada de nada. Em nós como amigos? Confesso, a esperança já foi menor. Agora depende de ti, como sempre desde há uns meses para cá.