Este coração vai morrer. Demorou a ganhar coragem para finalmente o matar, mas aqui estou eu de machado na mão pronta a dar-lhe o golpe final. Já nada disto faz sentido na minha vida e a escrita nestes modos não é coisa para corações como o meu. O meu coração cose-se a cada letra com a linha mais forte que encontra e não há tesoura alguma que a consiga cortar, a não ser o tempo. Este tempo que eu estive daqui afastada, o tempo de luto pelo fim do sonho em que as palavras eram as minhas melhores amigas. Esse tempo acabou. Agora as palavras são só palavras. Não deixei de escrever, nem nunca vou deixar. Apenas deixei de mostrar ao mundo aquilo que me sai da alma porque isso deixou de ser belo. O dom da escrita foi-se embora. Talvez tenha sido o melhor. Talvez o melhor seja mesmo que eu deixe este paraíso onde a intensidade da vida ganha a tonalidade do nosso coração. Talvez o melhor seja mesmo eu deixar este paraíso para quem o merece. Para quem ainda carrega nas veias o dom de escrever e de partilhar com o mundo os escritos que fazem sentido noutros corações, noutras vidas.
Descansem, já não estou mais triste como outrora estivera pelo fim deste sonho cozinhado com cuidado. Já me mentalizei que tudo na nossa vida são paragens e que chega sempre o derradeiro dia da partida. Vou ter saudades, óbvio que vou. Mas vão ser aquelas saudades que vem só para adocicar o sorriso no rosto e fazer-me pensar que a blogosfera fez-me feliz, fez-me crescer e isso é o que fica aqui guardado nas gavetas da memória infiltradas no órgão do amor.
Um Obrigada não chegaria por cada pessoa que aqui passou e que deixou a sua marca não só nos meus blogs, mas na minha vida. Por isso aquilo que deixo para vocês é um grande desejo de que sejam felizes. Já não desejo inspiração a ninguém porque aprendi, com a vida, que isso não se deseja. Ela vem quando quer e vai da mesma maneira, não é caso para dramas... quem escreve tem uma garantia única no mundo, a garantia de que a partir do momento em que a caneta começou a roçar o papel até ao ponto final os sentimentos estão a ser eternizados. E esta é a beleza da escrita. Não é mais nada. São só os sentimentos transformados em desenho em forma de letras. Saem do coração para o papel e do papel para o coração e a vida torna-se mais... mais qualquer coisa. Lá está, depende da tonalidade do nosso coração. Vou-vos contar o último segredo: o meu coração neste momento tem uma tonalidade única, é a tonalidade dos ares de Coimbra. E mais não digo. Mas estou feliz, aliás, eu sou feliz. Só tenho motivos para tal. E chegou a hora do adeus, quero que saibam que gosto muito de vocês e que vos admiro por manterem este paraíso um bom refúgio.
Machado pronto, golpe dado e este Coração sem açúcar acabou de morrer. Não derramou sangue, as veias da inspiração estavam secas. Isto prova que a sentença foi a certa. Adeus.